JEAN PIAGET
O cientista suíço revolucionou o modo de encarar a
educação de crianças ao mostrar que elas não pensam como os adultos e
constroem o próprio aprendizado. Segundo ele, o pensamento infantil
passa por quatro estágios, desde o nascimento até o início da
adolescência, quando a capacidade plena de raciocínio é atingida.
As
descobertas de Piaget tiveram grande impacto na pedagogia, mas, de
certa forma, demonstraram que a transmissão de conhecimentos é uma
possibilidade limitada. Por um lado, não se pode fazer uma criança
aprender o que ela ainda não tem condições de absorver. Por outro lado,
mesmo tendo essas condições, não vai se interessar a nãos er por
conteúdos que lhe façam falta em termos cognitivos.
Educar,
para Piaget, é "provocar a atividade" - isto é, estimular a procura do
conhecimento. "O professor não deve pensar no que a criança é, mas no
que ela pode se tornar", diz Lino de Macedo.
Assimilação e acomodação
Com
Piaget, ficou claro que as crianças não raciocinam como os adultos e
apenas gradualmente se inserem nas regras, valores e símbolos da
maturidade psicológica. Essa inserção se dá mediante dois mecanismos:
assimilação e acomodação.
O primeiro
consiste em incorporar objetos do mundo exterior a esquemas mentais
preexistentes. Por exemplo: a criança que tem a ideia mental de uma ave
como animal voador, com penas e asas, ao observar um avestruz vai tentar
assimilá-lo a um esquema que não corresponde totalmente ao conhecido.
Já a acomodação se refere a modificações dos sistemas de assimilação por
influência do mundo externo. Assim, depois de aprender que um avestruz
não voa, a criança vai adaptar seu conceito "geral" de ave para incluir
as que não voam.
Estágios de desenvolvimento
Segundo
Piaget, há quatro estágios do desenvolvimento cognitivo. O primeiro é o
estágio sensório-motor, que vai até os 2 anos. Nessa fase, as crianças
adquirem a capacidade de administrar seus reflexos básicos para que
gerem ações prazerosas ou vantajosas. É um período anterior à linguagem,
no qual o bebê desenvolve a percepção de si mesmo e dos objetos a sua
volta.
O estágio pré-operacional vai dos 2
aos 7 anos e se caracteriza pelo surgimento da capacidade de dominar a
linguagem e a representação do mundo por meio de símbolos. A criança
continua egocêntrica e ainda não é capaz, moralmente, de se colocar no
lugar de outra pessoa.
O estágio das
operações concretas, dos 7 aos 11 ou 12 anos, tem como marca a aquisição
da noção de reversibilidade das ações. Surge a lógica nos processos
mentais e a habilidade de discriminar os objetos por similaridades e
diferenças. A criança já pode dominar conceitos de tempo e número.
Por
volta dos 12 anos começa o estágio das operações formais. Essa fase
marca a entrada na idade adulta, em termos cognitivos. O adolescente
passa a ter o domínio do pensamento lógico e dedutivo, o que habilita à
experimentação mental. Isso implica, entre outras coisas, relacionar
conceitos abstratos e raciocinar sobre hipóteses.
LEV S. VYGOTSKY
Lev Semenovitch Vygotsky nasceu em 1896 em Orsha, pequena cidade
perto de Minsk, a capital da Bielo-Rússia, região então dominada pela
Rússia (e que só se tornou independente em 1991, com a desintegração da
União Soviética, adotando o nome de Belarus). Seus pais eram de uma
família judaica culta e com boas condições econômicas, o que permitiu a
Vygotsky uma formação sólida desde criança. Ele teve um tutor particular
até entrar no curso secundário e se dedicou desde cedo a muitas
leituras. Aos 18 anos, matriculou-se no curso de medicina em Moscou, mas
acabou cursando a faculdade de direito. Formado, voltou a Gomel, na
Bielo-Rússia, em 1917, ano da revolução bolchevique, que ele apoiou.
Lecionou literatura, estética e história da arte e fundou um laboratório
de psicologia – área em que rapidamente ganhou destaque, graças a sua
cultura enciclopédica, seu pensamento inovador e sua intensa atividade,
tendo produzido mais de 200 trabalhos científicos. Em 1925, já sofrendo
da tuberculose que o mataria em 1934, publicou A Psicologia da Arte, um
estudo sobre Hamlet, de William Shakespeare, cuja origem é sua tese de
mestrado.
O psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky morreu há 74 anos, mas sua obra ainda está em pleno processo de descoberta e debate em vários pontos do mundo, incluindo o Brasil. “Ele foi um pensador complexo e tocou em muitos pontos nevrálgicos da pedagogia contemporânea”, diz Teresa Rego, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Ela ressalta, como exemplo, os pontos de contato entre os estudos de Vygotsky sobre a linguagem escrita e o trabalho da argentina Emilia Ferreiro, a mais influente dos educadores vivos.
A parte mais conhecida da extensa obra produzida por Vygotsky em seu curto tempo de vida converge para o tema da criação da cultura. Aos educadores interessa em particular os estudos sobre desenvolvimento intelectual. Vygotsky atribuía um papel preponderante às relações sociais nesse processo, tanto que a corrente pedagógica que se originou de seu pensamento é chamada de socioconstrutivismo ou sociointeracionismo.
Desse modo, o aprendizado não se subordina totalmente ao desenvolvimento das estruturas intelectuais da criança, mas um se alimenta do outro, provocando saltos de nível de conhecimento. O ensino, para Vygotsky, deve se antecipar ao que o aluno ainda não sabe nem é capaz de aprender sozinho, porque, na relação entre aprendizado e desenvolvimento, o primeiro vem antes. É a isso que se refere um de seus principais conceitos, o de zona de desenvolvimento proximal, que seria a distância entre o desenvolvimento real de uma criança e aquilo que ela tem o potencial de aprender – potencial que é demonstrado pela capacidade de desenvolver uma competência com a ajuda de um adulto. Em outras palavras, a zona de desenvolvimento proximal é o caminho entre o que a criança consegue fazer sozinha e o que ela está perto de conseguir fazer sozinha. Saber identificar essas duas capacidades e trabalhar o percurso de cada aluno entre ambas são as duas principais habilidades que um professor precisa ter, segundo Vygotsky.
O psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky morreu há 74 anos, mas sua obra ainda está em pleno processo de descoberta e debate em vários pontos do mundo, incluindo o Brasil. “Ele foi um pensador complexo e tocou em muitos pontos nevrálgicos da pedagogia contemporânea”, diz Teresa Rego, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Ela ressalta, como exemplo, os pontos de contato entre os estudos de Vygotsky sobre a linguagem escrita e o trabalho da argentina Emilia Ferreiro, a mais influente dos educadores vivos.
A parte mais conhecida da extensa obra produzida por Vygotsky em seu curto tempo de vida converge para o tema da criação da cultura. Aos educadores interessa em particular os estudos sobre desenvolvimento intelectual. Vygotsky atribuía um papel preponderante às relações sociais nesse processo, tanto que a corrente pedagógica que se originou de seu pensamento é chamada de socioconstrutivismo ou sociointeracionismo.
O papel do adulto
Todo aprendizado é necessariamente mediado – e isso torna o papel do ensino e do professor mais ativo e determinante do que o previsto por Piaget e outros pensadores da educação, para quem cabe à escola facilitar um processo que só pode ser conduzido pelo próprio aluno. Segundo Vygotsky, ao contrário, o primeiro contato da criança com novas atividades, habilidades ou informações deve ter a participação de um adulto. Ao internalizar um procedimento, a criança “se apropria” dele, tornando-o voluntário e independente.Desse modo, o aprendizado não se subordina totalmente ao desenvolvimento das estruturas intelectuais da criança, mas um se alimenta do outro, provocando saltos de nível de conhecimento. O ensino, para Vygotsky, deve se antecipar ao que o aluno ainda não sabe nem é capaz de aprender sozinho, porque, na relação entre aprendizado e desenvolvimento, o primeiro vem antes. É a isso que se refere um de seus principais conceitos, o de zona de desenvolvimento proximal, que seria a distância entre o desenvolvimento real de uma criança e aquilo que ela tem o potencial de aprender – potencial que é demonstrado pela capacidade de desenvolver uma competência com a ajuda de um adulto. Em outras palavras, a zona de desenvolvimento proximal é o caminho entre o que a criança consegue fazer sozinha e o que ela está perto de conseguir fazer sozinha. Saber identificar essas duas capacidades e trabalhar o percurso de cada aluno entre ambas são as duas principais habilidades que um professor precisa ter, segundo Vygotsky.
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